quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Chico Buarque - Essa pequena

Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela

Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la

Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai

Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena

domingo, 28 de agosto de 2011

Mordaça - Eduardo Gudin/Paulo César Pinheiro

Tudo o que mais nos uniu separou
Tudo que tudo exigiu renegou
Da mesma forma que quis recusou
O que torna essa luta impossível e passiva
O mesmo alento que nos conduziu debandou
Tudo que tudo assumiu desandou
Tudo que se construiu desabou
O que faz invencível a ação negativa

É provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois tudo é instável e irregular
E de repente o furor volta
O interior todo se revolta
E faz nossa força se agigantar

Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar

Orange Juice

Yes, I have workship Allah, Budha and Jesus Christ
Saw heavens in the skies
While God was seing the world right through my eyes
Before, as a mokey I chittered through the last ice age,
Atlantis was cage'I had so many chances that I blew

And all the messages that he keep comin' an' getting through
No one can see their clue'cause there is no time to think here at the zoo.

Raul

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

No imagine only, do it

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Glauber Rocha

Não é mais possível esta festa de medalhas,
este feliz aparato de glórias,
esta esperança dourada nos planaltos!
Não é mais possível esta festa de bandeiras
com Guerra e Cristo na mesma posição!

Não é possível a impotência da fé
a ingenuidade da fé...

Vejo campos de agonia,
Velejo mares do Não...
Na ponta da minha espada
Trago os restos da paixão
Que herdei daquelas guerras.
Umas de mais, outras de menos,
Testemunhas silenciosas
Do sangue que nos sustenta.
Convivemos com a morte.
Dentro de nós a morte se converte
Em tempo diário, em derrota
Do quanto empregamos,
Ao passo que vamos, recuamos.

Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo.
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo.
Não me causam os crepúsculos
A mesma dor da adolescência.
Devolvo à paisagem
Os vômitos da experiência...

Quando a beleza é superada pela realidade,
Quando perdemos nossa pureza nestes jardins de males tropicais,
Quando no meio de tantos anêmicos respiramos
O mesmo bafo de vermes em tantos poros animais,
Ou quando fugimos das ruas e dentro da nossa casa
A miséria nos acompanha em suas coisas mais fatais
Como a comida, o livro, o disco, a roupa, o prato, a pele,
O fígado de raiva arrebentando, a garganta em pânico
E um esquecimento de nós inexplicável,
Sentimos finalmente que a morte aqui converge
Mesmo como forma de vida, agressiva.

Qual o sentido da coerência?
Dizem que é prudente observar a História sem sofrer.
Até que um dia, pela coincidência,
As massas tomem o poder...
Ando nas ruas e vejo o povo fraco, abatido,
Este povo não pode acreditar em nenhum partido.
Este povo cuja tristeza apodreceu o sangue
Precisa da morte mais do que se pode supor.
O sangue que em seu irmão estimula a dor,
O sentimento do nada que faz nascer o amor,
A morte enquanto fé e não como temor.

sábado, 21 de maio de 2011

Pesadelo



Quando o muro separa uma ponte une, se a vingança encara o remorso pune. Você vem me agarra, alguém vem me solta, você vai na marra, ela um dia volta.
E se a força é tua ela um dia é nossa.
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando, que medo você tem de nós, olha aí.
Você corta um verso, eu escrevo outro, você me prende vivo, eu escapo morto.
De repente olha eu de novo. Perturbando a paz, exigindo troco.
Vamos por aí eu e meu cachorro. Olha um verso, olha o outro, olha o velho, olha o moço chegando. Que medo você tem de nós, olha aí
O muro caiu, olha a ponte da liberdade guardiã, o braço do Cristo, horizonte, abraça o dia de amanhã, olha aí.

terça-feira, 10 de maio de 2011

I'm not saying

I'm not sayin' that I'll love you
I'm not sayin' that I'll care
If you love me.
I'm not sayin' that I'll care,
I'm not sayin' that I'll be there
When you want me.

I can't give my heart to you
Or tell you that I'd sing your name
Up to the sky.
I can't let the promise down
That I'll always be around
When you need me.

Now I may not be alone each time you'll see me

How long must we go in a small café
But still I won't deny you'll always keep me
Maybe if you'd let me have my way.

I'm not sayin' I'll be sorry
For all the things that I might say
That make you cry.
I can't say I'll always do
All the things you want me to,
I'm not sayin' I'll be true
But I'll try.

Now I may not be alone each time you'll see me

Or show up when I promise that I would,
But still I won't deny you'll always keep me
Maybe if you loved me like you should.

I'm not sayin' I'll be sorry
For all the things that I might say
That make you cry.
I can't say I'll always do
All the things you want me to
I'm not sayin' I'll be true
But I'll try.

I can't say I'll always do
All the things you want me to,
I'm not sayin' I'll be true
But I'll try.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

and your bird can sing

Tell me that you've got ev'rything you want, and your bird can sing, but you don't get me, you don't get me. You say you've seen seven wonders, and your bird is green, but you can't see me, you can't see me. When your prizes possessions start to wear you down, look in my direction I'll be round, I'll be round. When your bird is broken will it bring you down? You may be awoken I'll be round, I'll be round. Tell me that you've heard ev'ry sound there is, and your bird can swing, but you can't hear me, you can't hear me.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Room in Rome


I love the way you are.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Como era gostoso o nosso Comunismo

O artigo que FHC escreveu sobre um possível programa novo para o falecido PSDB caiu na boca maldita do dia a dia, no cafezinho ideológico dos sabotadores e oportunistas. Todos sabem o que ele quis dizer, mas fingem que não, para manter o mito sem vergonha da "herança maldita" que eles conseguiram emplacar, graças à ignorância política do povão, sim. O povão não tem educação política para entender a complexidade de um projeto social democrata, que é o único que pode enxugar os absurdos que incham um Estado falido, mas que os demagogos ainda conseguem enfeitar de "patrimônio nacional". Sempre distorcem o que FHC fala, num permanente desejo de fazê-lo "direitista", neoliberal e outros ridículos xingamentos.

Ele quis dizer que o PSDB não deve continuar surripiando o discurso populista e demagógico do PT, na base de "fome" de um lado e "indigestão" do outro. Disse que o PSDB tem a tarefa de explicar o complexo programa social democrata, para a nova classe média que se forma aqui. Na mesma hora o Lulão, atual showman e palestrante, acusou-o de desprezar o "povão". Um dia, essa mentirada ainda vai ser corrigida pelos historiadores sérios do futuro. Se é que haverá futuro... Mas, eu entendo a cabeça dos comunistas. Não dos picaretas de hoje, mas dos bons e generosos comunas de 30, 40 anos atrás: românticos e corajosos. E iam à luta - não estavam atrás de boquinhas e mensalões.

Ai, que saudades do comunismo... O povão era nossa boa consciência, o povão era nosso salvo-conduto para a alma pacificada, sem culpas - o povão era nossa salvação. O ritmo das coisas tinha a linearidade de um filme acadêmico. Nós, jovens de esquerda, falávamos muito em "luta de classes", mas não conhecíamos ainda a violência da "reação". Acreditávamos em um Papai Noel histórico.

Mas, mesmo assim, como num Amarcord vermelho, eu me lembro com saudade dos anos 60, durante a Guerra Fria... Ah, como era bom se sentir acima dos outros, por superioridade ética. Nós éramos mais "puros", mais poéticos, mais heroicos que os meus colegas da PUC, todos já de gravatinhas adultas.

Eu, não. Eu era comunista. Andava mal vestido, com minha testa alta, barba revolucionária, citando Lenin em francês: "La Liberté, pour quoi faire?" (Liberdade, pra quê?"). Ah... como era bom se sentir superior a um mundo povoado de "burgueses, caretas e babacas", como eu classificava a humanidade. E todo esse charme vinha sem esforço, sem estudar nada; bastava ler um ou outro livrinho da Academia da URSS, decorar meia dúzia de slogans e pronto, eu podia andar com minha camisa de marinheiro aberta ao vento e vagar por Copacabana, olhando em volta a população de "alienados", trabalhando em suas vidas "medíocres".

Ah... que saudades dos amores de esquerda, quando eu cantava as meninas ainda sem a maquiagem burguesa, a quem eu lançava a cantada infalível: "Não seja "pequeno-burguesa" e entra aí no "aparelho", meu bem... Nosso amor também é uma forma de luta contra o imperialismo".

Como nós amávamos os operários, que na época eram o "futuro da humanidade". Nas oficinas do jornal comuna que fazíamos, crivavam-nos de perguntas e agrados, sendo que os ditos operários ficavam desconfiados e pensavam que nós éramos veados e não fervorosos marxistas.

Como me alegrei quando Mao Tsé-tung proibiu Beethoven na "revolução cultural", pensando: "Claro, temos de raspar tudo que a burguesia inventou e começar de novo" - um mundo novo feito de agricultura e homens fardados de cinza, rindo, felizes, unidos pelo futuro do "povão". Tiveram de matar uns 10 milhões de "alienados", mas era para o Bem...

Como era bom ignorar as neuroses pequeno-burguesas de minha mente, pois eu não me sabia melancólico e narcisista; eu era apenas um comunista "saudável" como um cartaz de balé chinês. Amava as reuniões secretas - muito cigarro e a sensação de viver uma missão profunda. As discussões sem fim: "questão de ordem, companheiro!", "o companheiro está numa posição revisionista" ou "a companheira está sendo sectária em não querer dar para mim".

E a beleza de não ter um tostão e pedir dinheiro à mãe ou roubar do paletó do pai (milico "reaça") para comprar Marlboro de contrabando (meu secreto pecado)? Era belo não ter um puto e se orgulhar disso, na convivência dos botequins, olhando os operários bêbedos de pobreza e pensar: "Um dia eles serão "homens totais", "sujeitos da história", enquanto os mendigos vomitavam no meio-fio - gente que eu chamava com desprezo de "lumpens"".

Que saudades. Tudo era possível - bastava convencer o proletariado de que os burgueses malvados, aliados ao latifúndio improdutivo e dominados pelo imperialismo americano eram a causa de seus males. Pronto; aí, os proletários conscientizados tomariam o poder, e tudo seria perfeito e bom. Por isso, eu tenho hoje tanta saudade da generosa burrice que nos assolava.

E depois, quando a barra pesou de 68 em diante, com a dura frieza da era Médici, lembro-me do sentimento de ser uma "vítima" real da ditadura, fugindo da morte, ajudando os reais suicidas que faziam a guerra urbana, achando que iam derrotar o Exército com meia dúzia de revólveres e assaltos a banco. Muitos morreram. E, mesmo na tragédia daqueles dias, senti a delícia dolorida de ser uma vítima "santificada" da violência da direita, e isso me enobrecia, sempre acima dos "babacas, burgueses e caretas".

Um dia, um companheiro (que morreu há pouco...) me disse: "Não tema a morte. Marx disse que somos seres sociais. Assim, o indivíduo é uma ilusão. Para o comunista a morte não existe." E eu sonhei com a vida eterna.

Era bom, era lindo. Por isso, quando vejo as demonstrações de bolchevismo arcaico nos arredores do governo, não me horrorizo, nem reclamo, como fazem esses meus colegas jornalistas "burgueses, neoliberais vendidos aos patrões". Ao contrário, tenho até vontade de chorar pelos bons tempos.

Arnaldo Jabor

domingo, 17 de abril de 2011

Enquanto espero a sua pele
Que ao vento causa arrepios,
Estarei envolto em pensamentos
Nesse faminto delírio

E perdendo-me em desejo
Nas chamas dessa paixão nua,
Se com um último beijo deixar-me
Devolver-te-ei à lua

Ó, doce lágrima sofrida
Aos olhos de um errante sonhador
Que aos pés da cama
Clama pela volta de seu amor.


Estes seus olhos que mal me olham
Como são exatos e despercebidos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

OITAVO FRAGMENTO DA DÉCIMA TERCEIRA VOZ

Sempre virá. A solidão não existe. Nem o amor. Nem o nojo. Odeio quando te enganas assim, girando entre as panelas. A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pelos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. São inúteis os panos, vassouras, espanadores. Tenho medo de continuar. E não suportaria parar, ondas de Iemanjá. Vês como evito pedir ajuda?

QUINTO FRAGMENTO DA DÉCIMA TERCEIRA VOZ

Tanto sangue dentro do meu derramado coração, era assim? Talvez fosse, mas não se trata disso. Lamúria insuportável, o corpo, esse que se arrasta com suas carências. Não precisa pressa, calma lá. A porteira está fechada para quem quiser passar, era isso? Já te disse que não responderei. Quero saber, e depois? Passaram-se meses, ele voltou. Foi longo. Doía. Continua doendo. Ainda não acabou. Passa, passará. Às vezes ficavamos deitados na minha cama enquanto eu tentava decifrar o seu destino. Marte, Ossanha gostava das folhas, das pedras. De peixes também. Ele me ensinuou que as pedras eram vivas. Desde então eu as mantenho emersas dentro de copos cheios d'água, para que cresçam. São muitas. Agora espero outro. Que, como ele, não será mais do que Uma Nova Metáfora do Encontro. Por enquanto espio as pombas nas cumeeiras. Quando não há música, canto. Quando paro de cantar, como maçãs. Os talos estão jogados pelo quarto, entre os lençóis. Apodrecem como meus sentimentos, jogados na Via-Láctea. Esfrego a lâmpada, mas o gênio se foi. Talvez me bata outra vez contra as grades da janela até me levarem para a mesa de choques.

Doris Lessing: Shikasta

Somos, todos nós, criaturas das estrelas e das
suas forças, elas nos fazem, nós as fazemos, somos parte
de uma coreografia da qual, de
modo nenhum, nunca, podemos pensar em nos
separar.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, procurando sem achar uma peça de Charlie Parker pela casa repleta de feitiços ineficientes, recomporia passo a passo aquela véspera de São João em que tinha sido permitido tê-lo inteiramente entre um blues amargo e um poema de vanguarda. Ou um doce blues iluminado e um soneto antigo. De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrado. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira. Como quando, olhando para baixo, a deusa se compadece e verte uma fugidia gota do néctar de sua ânfora sobre nossas cabeças. Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel.

domingo, 27 de março de 2011

Por lá caminhei entre flores e folhas, entre terra e sonhos. Escutei o canto dos passarinhos durante o dia e o barulhinho de grilo pela noite estrelada e pelas ruas vazias. Estive ao lado de algumas pessoas desconhecidas, e a maioria do tempo ao lado de várias queridas. Encontrei paz nos dois mudos que viajaram ao meu lado, na menininha bonita que não cansava de olhar pra estrada, e nos hippies que não troquei uma só palavra. Senti mais uma vez como algumas pessoas são de natureza especiais, e que o presente da família que recebemos quando viemos ao mundo não é em vão. Deixei quase tudo pra trás, me conectei com coisas simples e mergulhei nesse mundo tão perto e ao mesmo tempo tão afastado daqui. Ah! por alguns dias eu esqueci de tudo; e por vários momentos eu quis não voltar.

In liquid



Não vires caco, sejas onda.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Escândalo

Ó doce irmã, o que você quer mais?
Eu já arranhei minha garganta toda
Atrás de alguma paz.
Agora, nada de machado e sândalo.
Você que traz o escândalo,
Irmã-luz.
Eu marquei demais, tô sabendo
Aprontei demais, só vendo
Mas agora faz um frio aqui.
Me responda, tô sofrendo:
Rompe a manhã da luz em fúria a arder
Dou gargalhada, dou dentada na maça da luxúria
Pra quê?
Se ninguém tem dó, ninguém entende nada
O grande escândalo sou eu aqui, só.
Eu marquei demais, só vendo
Aprontei demais, tô sabendo
Mas agora faz um frio aqui.

sábado, 12 de março de 2011

Era de Aquario. Que sejamos fadados à grandeza, ou à loucura.


Certas vezes me vem uma grande vontade e necessidade de mudança ou de simplesmente ir embora, viver outra vida longe das pessoas que já conheci. Conhecer pessoas novas em lugares novos, porque não? Há coisas que me entristecem, como o fato de minha geração não tentar lapidar o meu país como fez a geração dos nossos pais. Viver e suportar esses problemas que o mundo e os jornais esfregam na nossa cara dando risada é completamente devastador. As pessoas estão estáticas, conformadas com o pouco, com o nada; as pessoas se esqueceram dos ideais de paz, amor; ninguém se importa com o meio ambiente, nem com quem está ao redor. Essa não é a vida que eu quis, ainda que o mundo inteiro acorde quando vamos dormir. Tai o grande problema - o sono, a inércia. O tempo em que o mundo passa inérte dormindo, poderia ser o tempo de extravasar os sentimentos reclusos, de compartilhar sonhos, de desenvolver o amor e combater esse individualismo abjeto. Sinto saudades do mundo que imaginei pra mim - as vezes ele me foge da memória. Sinto saudades do tempo de querer bem. É tanto rancor e medo. O mundo está maltratado, as pessoas estão maltratando as pessoas, as pessoas estão maltratando o mundo, o mundo está maltratando as pessoas. Espero que esse ciclo seja drásticamente rompido. Mudem, exerguem a vida de um modo mais pacífico, mais irreverente, mais aquariano.

sábado, 12 de fevereiro de 2011


Sob a luz do teu cigarro na cama...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

No amor não existe ação isolada, a sua vida sempre tá na mão do outro. É muito mais arriscado. A gente sabe como começa, mas não sabe como termina. O amor tem um componente suicida. É isso que eu sinto.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A minha vida é maior que os meus problemas




É na fotografia que vemos a real beleza das coisas. Momentos, paixão, felicidade talvez, mas quem é que precisa de felicidade quando se tem paixão? - A paixão nunca é uma causa vã - As grandes emoções, os sorrisos chorosos e as lágrimas de alegria. Quando você percebe que não é preciso nada pra ser feliz, basta olhar o céu, o sol, a comunhão com a natureza e sentir aquela sensação de coisa sedimentada, matéria que está lá e não tem obrigação de servir a ninguém. E a cada clique, a cada filme rodado, é imensamente perceptível que não são apenas os sonhos que nos levam pra frente...mas as frustrações também. E o seu coração não tem outra opção a não ser transbordar de afeto, e é tão bom você poder amar todo mundo, querer o bem, sonhar e fazer truques de mágica, ver que nem tudo é como a "crônica do desastre anunciado" nem como "a festa das ilusões perdidas", que o importante não é o "o que", mas o "como", que não é uma farsa, mas pode vir a ser um grande espetáculo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Terra Plana

“Meu Senhor, minha Senhora... (Falado): “Me pediram pra deixar de lado toda a tristeza,/ pra só trazer alegrias e não falar de pobreza./E mais, prometeram que se eu cantasse feliz, agradava com certeza. /Eu que não posso enganar, misturo tudo o que vivo. /Canto sem competidor, partindo da natureza do lugar onde nasci. /Faço versos com clareza/ Há rima, belo e tristeza. /Não separo dor de amor. /Deixo claro que a firmeza do meu canto vem da certeza que tenho/ De que o poder que cresce sobre a pobreza e faz dos fracos riqueza, foi que me fez cantador.

Meu Senhor, minha Senhora.../Vou indo esse mundo afora/Num canto que é tão valente/Que mesmo se está contente/Fala sempre a toda hora/quase num tom de quem chora/Eu sou de uma terra plana/ Tem céu fundo e um mar bem largo/Preciso de um canto longo/Prá explicar tudo que digo/Prá nunca faltar comigo/E lhe dar tudo o que trago/ Aos pés de muitas igrejas/Lá você vai encontrar/ Esperança e caridade/ Querendo se organizar/ Os cegos pedindo esmola/E a Terra inteira a rezar/ Se um dia eu lhe enfrentar/ Não se assuste capitão/ Só atiro prá matar/E nunca maltrato não/Na frente da minha mira/ Não há dor nem solidão/ E não faço por castigo/Que a Deus cabe castigar/ E se não castiga ele/ Não quero eu o seu lugar/ Apenas atiro certo/ Na vida que é dirigida/Pra minha vida tirar”