terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um sopro as 6 da manhã - Gabizão

Fuma cigarro como ninguém, aliais, lembra apenas as mulheres do cinema Frances da década de 50. Musa. Impecável. Uma caipirinha acompanha. Uma , duas, três. Embalava como ninguém meus sonhos e desejos mais íntimos e belos. Puros. Menina com sotaque português, cabelos levemente queimados, assim como sua pele de tons avermelhados como um por do sol em Búzios. Caminhava pelas ruas charmosas e de pedras como se estive na sala de estar ouvindo uma valsa ou um velho fado português. Conspira a bailarina!


Fala olhando nos olhos como quem lê um romance e revela todos meus segredos. Moleca. Dança aos ruídos dos carros como se estive em uma boate vazia. Leve. Adora receber carta. Avessa a computadores e a todas as redes sociais. Prefere contato olhos nos olhos. Maestria. Capaz de acabar com a vida de qualquer ser que tente aproximar.


Braços abertos, nunca se cruzam para novas experiências ou para o mundo. Sem apetrechos, frescuras ou coisa parecida. Livre. O jeito de falar enquadra, intimida e ao mesmo tempo não é rude. O importante é a diversão. Não tem ídolos. Adora animais. Usa meias multicolores e cachecol.


No campo, na praia não importa, sempre se sente em casa. Quando triste, meio down pede Bourbon, também adora whisky nacional e ouvir Bethania. Ela me fez ver tudo diferente. Comporta-se bem em qualquer ambiente, até a segunda dose.


Apenas a vi uma vez, atravessando a rua me olhou nos olhos e desapareceu. Como uma brisa fria as 6 da manha. Vento ligeiro. Foi exatamente a hora que ela que sumiu no meio da neblina. Nunca mais a vi.

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